10/04/2024

O autocuidado é questão de saúde pública

Medidas voltadas a incentivar a população a assumir responsabilidades em relação ao próprio bem-estar liberam tempo e recursos nos atendimentos, ampliando o acesso e favorecendo a sustentabilidade do ecossistema de saúde

Os números são da Organização Mundial da Saúde (OMS) e impressionam: pelo menos 400 milhões de pessoas em todo o mundo não têm acesso aos cuidados essenciais de saúde e todos os anos 100 milhões sofrem abalos financeiros por terem que pagar por cuidados médicos. Além disso, a estimativa é que até 2030 haja uma escassez global de cerca de 18 milhões de profissionais de saúde. Nesse cenário, ganha cada vez mais relevância o papel do autocuidado como estratégia para não apenas garantir assistência médica a quem necessita, mas também favorecer a sustentabilidade do ecossistema de saúde, cujos recursos são finitos. De acordo com a OMS, capacitar a população a fazer a autogestão da própria saúde resulta em redução de disparidades, ampliação de acesso e qualidade dos atendimentos, diminuição de custos e uso mais eficiente dos serviços de saúde. Com essa visão, a Associação Brasileira da Indústria de Produtos para o Autocuidado em Saúde (ACESSA) trabalha pela conscientização para a importância da adesão a um estilo de vida saudável, seja adotando boas escolhas na alimentação, incluindo atividade física na agenda, zelando por bons hábitos de higiene, ou fazendo uso responsável de medicamentos isentos de prescrição médica. O autocuidado envolve, ainda, o empoderamento da população no reconhecimento e gerenciamento de sinais de adoecimento, por meio de automonitoramento e autotestes, por exemplo. Ciente de que o autocuidado produz benefícios de longo prazo para a saúde pessoal ao mesmo tempo que libera recursos para os mais vulneráveis, a ACESSA criou uma nova categoria na terceira edição do Prêmio Autocuidado em Saúde, focada em Gestão Pública para o Autocuidado. O Reconhecimento Especial é voltado a ações, políticas, campanhas, programas ou projetos que promovam práticas de autocuidado como complemento fundamental à saúde pública. A ideia é divulgar iniciativas capazes de melhorar a qualidade de vida da população, com a otimização do uso de profissionais nos atendimentos, permitindo que recursos sejam direcionados a casos mais complexos, tratamento de doenças crônicas ou para a infraestrutura de saúde local. O engajamento de pessoas em medidas de educação e letramento em saúde é um caminho de mão dupla. Por um lado, oferece ganhos à população, que passa a compreender melhor a importância da prevenção e da participação na tomada de decisão sobre sua saúde. Para provedores de cuidados, a criação de políticas e práticas de incentivo ao autocuidado traz a perspectiva de sustentabilidade dos sistemas de saúde e ampliação do acesso ao Sistema Único de Saúde (SUS), reforçando os cuidados, sobretudo, para a população brasileira mais carente.

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