A automedicação responsável deve seguir regras de segurança
Os medicamentos isentos de prescrição (MIPs) aprovados por agências reguladoras são prática de autocuidado, reconhecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS)
Seguir as orientações da bula, informar-se sobre os critérios para armazenamento correto e, sobretudo, saber identificar as pequenas queixas para as quais é possível lançar mão de remédios sem a necessidade de passar por uma consulta médica. E, claro, é importantíssimo escolher apenas medicamentos isentos de prescrição (MIPs) registrados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Seguir esses preceitos e uma boa dose de bom senso são pontos de partida para o uso racional de MIPs. “Os medicamentos de venda sob prescrição são aqueles que apresentam uma tarja vermelha ou preta e que exigem receita médica para serem comercializados. Esses demandam a supervisão de um profissional de saúde, por conta da dosagem, duração e orientação de tratamento, entre outras particularidades. Se usados sem a indicação correta, podem trazer riscos à saúde”, explica Marli Sileci, vice-presidente executiva da Associação Brasileira da Indústria de Produtos para o Autocuidado em Saúde (ACESSA). “Por outro lado, os medicamentos isentos de prescrição, os MIPs, não exibem essa tarja que indica restrição de venda, ou seja, não precisam de receita para serem comprados. Para ser classificado nessa categoria, é necessário que a Anvisa avalie e comprove uma série de características, como experiência acumulada de comercialização no Brasil e no exterior, segurança bem estabelecida, indicação para sintomas leves e facilmente reconhecíveis, entre outros”, diferencia Marli. Em outras palavras, MIPs são aqueles medicamentos presentes em praticamente todos os lares brasileiros para eventualidades que possam trazer desconforto, mal-estar e afetar o desempenho das atividades diárias das pessoas. Servem para alívio de problemas menores, como dor de cabeça, febre e má digestão. “Os MIPs são parte essencial dos sistemas de saúde porque permitem que os indivíduos possam fazer uso de tratamentos com segurança, qualidade e eficácia comprovadas, para tratar sintomas e males menores já diagnosticados ou conhecidos”, completa a VP da ACESSA. Orientações como essas fazem parte de um caminho responsável para o uso de MIPs, um dos sete pilares do conceito de autocuidado estabelecido pela Organização Mundial da Saúde (OMS). “Em um contexto de frequente pressão e déficit de recursos do sistema de saúde brasileiro, a disponibilização de medicamentos isentos de prescrição reduz a necessidade de os cidadãos irem a um serviço de saúde para tratar de um sintoma já conhecido de uma doença não grave”, justifica Marli Sileci. “Isso não quer dizer que os MIPs possam ser utilizados indiscriminadamente, muito pelo contrário, é preciso que o consumidor siga as instruções de bula e rotulagem e, em caso de dúvidas ou se os sintomas persistirem, procure a orientação de um profissional da saúde”, pondera. De acordo com a executiva, um dos principais pilares da ACESSA diz respeito à educação do consumidor no que se refere ao uso correto e seguro dos MIPs, que ainda é cercado de mitos. “É comum ver publicações que relacionam os números de intoxicações, o uso de MIPs (automedicação) e o uso de medicamentos de prescrição por conta própria (autoprescrição), sem nenhum tipo de diferenciação”, lamenta. O papel do farmacêutico Segundo a OMS, em média, as pessoas tendem a gastar menos de uma hora por ano recebendo orientação de algum profissional de saúde contra mais de 8 700 horas no mesmo período dedicadas ao autocuidado. Nesse cenário, ganha ainda mais relevância a atuação do farmacêutico. “Como um profissional de saúde disponível em todas as mais de 80.000 farmácias do Brasil, ele tem um papel de conselheiro nos cuidados de saúde diários e é uma figura-chave na orientação sobre o uso racional de medicamentos e produtos para o autocuidado, auxiliando, em caso de dúvidas, na compreensão das informações disponíveis e dando suporte às escolhas”, avalia Marli Sileci. As soluções nesse sentido abrangem, além de medicamentos, dispositivos diagnósticos e produtos digitais de qualidade que podem ser usados total ou parcialmente fora dos serviços de saúde sem o auxílio de profissionais da área. “É o caso de testes de gravidez, preservativos e lubrificantes, autotestagem de Covid-19 e automonitoramento da pressão arterial e glicemia”, exemplifica Marli. Por fim, para não errar e evitar colocar a saúde em risco ao fazer uso desses produtos por conta própria, a vice-presidente da ACESSA faz um resumo em quatro regras fundamentais:
- usá-los para aliviar sintomas do dia a dia ou prevenir doenças;
- escolher apenas MIPs registrados na Anvisa;
- ler sempre as informações disponíveis do produto, tanto no rótulo como na bula, para checar dados sobre indicações e contraindicações do medicamento;
- e, se persistirem os sintomas, suspender o uso e consultar um médico.
(Fontes: WHO, What do we mean by self-care? [https://www.who.int/news-room/feature-stories/detail/what-do-we-mean-by-self-care]; WHO, Selfcare interventions for Health, Key Facts, 30/Jun/2022 [https://www.who.int/news-room/fact-sheets/detail/self-care-health-interventions] e WHO, The role of pharmacist in self-care and self-medication, 1998; WHO, Selfcare interventions for Health, Key Facts, 30/Jun/2022).
Sobre a ACESSA Trata-se da Associação Brasileira da Indústria de Produtos para o Autocuidado em Saúde, que visa ampliar o debate sobre o autocuidado em saúde perante os diversos públicos que integram essa equação. Por meio do desenvolvimento e envolvimento de todos os protagonistas da cadeia, nossa missão é atuar no sistema de saúde para que as pessoas possam tomar decisões em relação ao autocuidado de forma responsável, consciente e segura, promovendo, assim, mais saúde e maior liberdade de escolha. Saiba mais acessando o nosso site clicando aqui.