21/09/2023

Muito além dos MIPs

Escolher com responsabilidade produtos voltados ao autocuidado é chave para manter a saúde e o bem-estar

Escolher de forma racional produtos e serviços para atender às necessidades do corpo e da mente é um dos pilares do autocuidado. “A ACESSA adota a definição de produtos para o autocuidado em saúde como aqueles sujeitos à vigilância sanitária que podem ser dispensados e utilizados sem a exigência de prescrição e supervisão de um profissional da saúde”, descreve Marli Sileci, presidente executiva da ACESSA. “Eles possuem alegações terapêuticas ou de saúde ou funcionais baseadas em evidências que comprovem sua segurança e eficácia”, continua a executiva. Entre os itens incluídos nesse rol estão, claro, os medicamentos isentos de prescrição (MIPs). “Eles tratam sintomas como dores de cabeça, dores musculares, febres, gripes, resfriados, má digestão, cólicas, entre outros”, explica Marli Sileci. Em 2022, o Prêmio Autocuidado em Saúde ACESSA, por exemplo, premiou profissionais da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) responsáveis pela elaboração de uma cartilha sobre fitoterápicos que esclarece o uso racional desses fármacos. Assim como os MIPs, diversos itens que integram a linha de autocuidado devem passar pelo crivo da Anvisa antes de chegar ao mercado. É o caso dos autotestes. Eles ganharam visibilidade durante a pandemia de Covid-19, quando epidemiologistas defendiam a importância da ampla testagem para o entendimento e controle da doença. Na definição da agência, “autoteste é o nome dado ao produto em que cidadão realiza todas as etapas da testagem, desde a coleta da amostra até a interpretação do resultado, sem a necessidade de auxílio profissional, seguindo atentamente as informações das instruções de uso”.1 No Brasil, a autotestagem tem se mostrado importante também na triagem do HIV, uma vez que, de acordo com estimativas do Ministério da Saúde, cerca de 143 000 indivíduos são portadores do vírus sem ter ideia disso, o que dificulta o controle da transmissão, diagnóstico e tratamento precoce.2 Nesse contexto, essa modalidade de exame abre caminho para prevenção e rastreamento de doenças, colaborando para a elaboração de estratégias de saúde pública. Dispositivos tecnológicos são igualmente aliados quando se trata de empoderar as pessoas, seja na prevenção, seja no controle de doenças. Monitores de batimentos cardíacos, aparelhos para medir os níveis de glicose no sangue e aplicativos vestíveis são recursos tecnológicos que vêm ganhando cada vez mais relevância e ajudando na conscientização sobre o funcionamento do próprio corpo. Em 2022, entre os finalistas da categoria Uso Racional de MIPs e Outros Produtos, o Prêmio Autocuidado em Saúde ACESSA reconheceu a healthtech Tato Fisioterapia Inteligente pelo trabalho de telerreabilitação para pessoas com dor crônica. A empresa desenvolveu uma trajetória digital para facilitar a triagem e classificação de risco de dores, com apoio de inteligência artificial e de linhas de cuidado personalizadas, com fisioterapia online e telemonitoramento. Ao promover o autoconhecimento, a tecnologia digital acaba estimulando o autocuidado e a adoção de um estilo de vida saudável. Suplementos alimentares e dermocosméticos ganham espaço A busca por bom desempenho físico, mais energia, longevidade e qualidade de vida pode passar pela incorporação de suplementos alimentares para suprir déficits nutricionais no cardápio do dia a dia. Para a Anvisa, são considerados nessa relação “todos os produtos de ingestão oral, apresentados em forma farmacêutica, destinados a suplementar alimentação com nutrientes, substâncias bioativas, enzimas ou probióticos, combinados ou isolados”.3 A agência lista nessa classificação:4 a) suplementos de vitaminas e minerais; b) substâncias bioativas e probióticos; c) novos alimentos apresentados em formatos farmacêuticos; d) alimentos com alegações de propriedades funcionais apresentados em formatos farmacêuticos; e) suplementos para atletas; f) complementos alimentares para gestantes e nutrizes; g) medicamentos específicos isentos de prescrição. Na rotina de autocuidado entra em cena também o segmento de dermocosméticos ou cosméticos funcionais, aqueles que têm em sua composição algum ativo farmacológico e ingredientes para cuidados que unem higiene, proteção, saúde e beleza. Esses componentes ultrapassam as camadas mais superficiais da pele e agem para obter resultados específicos – por exemplo, sabonete para pele com acne ou xampu anticaspa. Por essa característica, precisam ter segurança e eficácia comprovadas com testes clínicos, além de trazer informações como eventuais restrições de uso. Pela Anvisa esses produtos são tratados como cosméticos grau 2.5 Com a palavra autocuidado cada vez mais incorporada às estratégias de mais qualidade de vida, reconhecer os sinais do próprio corpo, buscar conhecimento de qualidade e ter responsabilidade nas escolhas de produtos e serviços são etapas fundamentais para a tomada de decisões sobre a própria saúde. 1. https://www.gov.br/anvisa/pt-br/assuntos/noticias-anvisa/2022/anvisa-regulamenta-a-utilizacao-de-autotestes-para-covid-19/PerguntasfrequentesAutotestesCovid.pdf 2. https://www.gov.br/anvisa/pt-br/assuntos/noticias-anvisa/2016/anvisa-define-regras-para-autoteste-de-hiv 3. https://www.gov.br/anvisa/pt-br/assuntos/alimentos/suplementos-alimentares 4. https://www.gov.br/anvisa/pt-br/centraisdeconteudo/publicacoes/alimentos/perguntas-e-respostas-arquivos/suplementos-alimentares.pdf 5. https://www.in.gov.br/web/dou/-/resolucao-rdc-n-752-de-19-de-setembro-de-2022-430784222

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